Moçambique em foco: Fundação 'la Caixa' destaca urgência no combate à mortalidade infantil em África

Moçambique em foco: Fundação 'la Caixa' destaca urgência no combate à mortalidade infantil em África

A Fundação espanhola la Caixa reafirma o seu firme compromisso com a intensificação dos esforços globais no combate à mortalidade infantil, destacando a imunização como uma das ferramentas mais eficazes para promover a saúde e o bem-estar das crianças na África Subsaariana. Durante o Fórum Global de Inovação e Ação para a Imunização e Sobrevivência Infantil 2025, que se realiza em Maputo, Moçambique, sua Alteza Real, a Infanta Cristina de Bourbon, sublinhou o papel vital da fundação nesse desafio internacional.

Segundo a Infanta Cristina, esta edição do fórum representa “uma oportunidade única para continuar a combater as desigualdades que afetam as populações mais vulneráveis, sempre alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030”. A sua intervenção destacou que a imunização infantil é uma das ferramentas mais poderosas não apenas para a proteção da infância, mas também para a promoção da justiça social e da igualdade de oportunidades entre crianças, independentemente do seu contexto socioeconómico ou geográfico.

O impacto devastador da mortalidade infantil

A Infanta Cristina fez referência a estatísticas alarmantes: todos os anos, 4,8 milhões de crianças morrem antes de completarem cinco anos, e dessas, cerca de 2,3 milhões falecem durante o primeiro mês de vida, muitas vezes por causas que poderiam ser evitadas com o acesso a vacinas e cuidados básicos de saúde. Esta realidade impõe a necessidade urgente de mobilização global e de ações concretas que priorizem as intervenções mais eficazes, entre as quais a imunização ocupa um lugar central.

A missão da Fundação la Caixa em prol da saúde infantil

Desde 1997, a Fundação la Caixa tem vindo a desenvolver iniciativas de cooperação internacional com foco na saúde global e na sobrevivência infantil. A sua ação abrange diversos continentes — África, Ásia e América Latina — com programas que vão desde o apoio direto à investigação biomédica em Espanha e em Portugal até à colaboração com grandes organizações internacionais, como a Fundação Gates, a GAVI, o UNICEF, o ACNUR e o ISGlobal, este último fundado em 2010 com o propósito de quebrar o ciclo de pobreza e doença que afeta milhões de pessoas no mundo.

Principais áreas de atuação

  1. Vacinas inovadoras para combater doenças infantis
    A Infanta Cristina destacou o papel da fundação no incentivo ao desenvolvimento e distribuição de vacinas inovadoras que combatem doenças responsáveis por uma elevada mortalidade em crianças com menos de cinco anos em África, incluindo pneumonia, malária e desnutrição.

  2. Projetos científicos emblemáticos
    Entre os projetos de maior relevância mencionados está o estudo ICARIA, realizado na Serra Leoa. Esse estudo investiga o impacto de combinações terapêuticas na vacinação infantil, avaliando resultados como a redução de infecções respiratórias graves e outras complicações associadas.

  3. Vacinas essenciais sob apoio
    A fundação tem também investido na produção e disponibilização de vacinas essenciais para combater doenças como a meningite e a infeção por Streptococcus do grupo B — consideradas causas significativas de nados-mortos e mortes neonatais precoces.

A abordagem integrada da imunização

A Infanta Cristina apelou à consolidação de parcerias entre governos, setor privado e fundações filantrópicas, defendendo que o futuro da saúde infantil depende de ações integradas. Segundo a sua intervenção, é crucial fortalecer os sistemas nacionais de saúde nos países mais afetados e promover uma resiliência que permita enfrentar surtos, epidemias e outras crises sanitárias com maior autonomia.

Entre os pontos centrais da proposta da Fundação la Caixa, destacam-se:

  • Transferência de conhecimento e capacitação local
    Promover formação para profissionais de saúde e técnicos locais, de modo a garantir que os países beneficiários consigam, com o tempo, assumir a gestão dos programas de vacinação e manutenção das coberturas vacinais.

  • Melhorias na infraestrutura de saúde
    Apoiando a construção, a modernização e o reforço logístico de centros de saúde, a fundação visa garantir que as vacinas cheguem até às comunidades mais remotas, com condições adequadas de armazenamento e administração.

  • Financiamento sustentável
    A Infanta Cristina expressou o desejo de que, ao cabo de 20 anos, Moçambique e outros países africanos possam financiar os seus próprios programas de vacinação, assegurando acesso universal às vacinas que salvam vidas — com independência face aos apoios externos.

O caminho para 2030 e além

A atuação da Fundação la Caixa insere-se num contexto mais amplo: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas, estabelecem metas claras em relação à saúde infantil e à erradicação de mortes evitáveis. A Agenda 2030 serve de norte ao compromisso da fundação, à colaboração com parceiros globais e aos planos de ação no terreno.

Nesse sentido, a Infanta Cristina defende que:

  • A imunização deve ser encarada como um direito universal da criança, e não como um privilégio.

  • Deve impulsionar-se uma visão holística da saúde, que inclua a nutrição, a higiene, o saneamento básico e o acesso à água potável.

  • As intervenções devem ser monitoradas e avaliadas com rigor científico, para medir o impacto real e garantir que os recursos sejam empregados com máxima eficiência.

Casos de sucesso e lições aprendidas

Em colaboração com o UNICEF, o GAVI e outras organizações, a Fundação la Caixa apoiou campanhass de vacinação em vários países africanos. Em muitos destes contextos, verificou-se um aumento significativo da cobertura vacinal contra doenças como a difteria, tétano e poliomielite. Essas experiências reforçam a ideia de que, com planeamento sólido, envolvimento comunitário e financiamento adequado, os resultados são duradouros e transformadores.

O estudo ICARIA, na Serra Leoa, trouxe importantes resultados que podem ser replicados noutros países: a introdução de combinações terapêuticas adequadas no plano de vacinação infantil mostrou uma redução considerável na incidência de infeções graves e mortalidade precoce. Projetos semelhantes têm o potencial de acelerar os ganhos em saúde infantil em todo o continente.

Perspetivas e desafios futuros

A Infanta Cristina concluiu a sua intervenção reforçando a convicção de que, para alcançar os resultados desejados até 2045, é indispensável:

  • Escalar as intervenções de imunização para níveis nacionalmente sustentáveis;

  • Sustentar os investimentos ao longo do tempo, evitando quedas bruscas na cobertura vacinal devido a crises políticas, económicas ou sanitárias;

  • Garantir inclusão social, assegurando que grupos vulneráveis, como populações rurais, comunidades desfavorecidas e crianças refugiadas, tenham acesso igualitário às vacinas e aos cuidados de saúde.

Ela sublinhou que “o nosso objetivo é que, daqui a 20 anos, Moçambique e outros países africanos possam financiar os seus próprios programas de vacinação, garantindo acesso universal às vacinas que salvam vidas”, reforçando a importância de construir sistemas de saúde fortes, autossuficientes e resilientes.

Em resumo, a intervenção da Infanta Cristina no Fórum Global de Inovação e Ação para a Imunização e Sobrevivência Infantil 2025 reafirma o compromisso da Fundação la Caixa com a luta contra a mortalidade infantil através da imunização. Esta ação engloba a promoção de vacinas inovadoras, a cooperação científica, o fortalecimento dos sistemas de saúde locais e a construção de parcerias entre entidades públicas, privadas e organizações filantrópicas. A aspiração é clara: um futuro em que crianças na África Subsaariana possam crescer com saúde, protegidas contra doenças evitáveis, em ambientes de justiça e igualdade de oportunidades.

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