Benfica ‘fica a ver navios’: Thiago Almada escapa à Luz e ruma ao Atlético Madrid
Nas horas que antecederam a confirmação oficial, a esperança ainda morava nos corredores da Luz. A contratação de Thiago Almada era vista como uma possível grande cartada de Rui Costa para reforçar a zona intermediária do Benfica, mas a novela chegou ao fim com um desfecho que não agrada aos adeptos encarnados. De acordo com informações avançadas por Bruno Andrade, jornalista especializado em transferências, o médio argentino será mesmo jogador do Atlético Madrid, com os colchoneros a desembolsarem 35 milhões de euros para garantir o seu passe.
A estrutura do Benfica, que vinha a acompanhar de perto a situação de Almada, vê assim ruir mais uma tentativa de reforço sonante para 2024/25. O internacional argentino, que deu nas vistas com a camisola do Lyon na época passada, foi um alvo prioritário, mas a concorrência do clube espanhol, orientado por Diego Simeone, acabou por pesar mais, tanto do ponto de vista desportivo como financeiro. Thiago Almada junta-se agora a um plantel competitivo, inserindo-se num contexto de exigência máxima na La Liga e na Liga dos Campeões.
Thiago Almada: percurso e impacto
Thiago Almada, formado no histórico Vélez Sarsfield, é apontado há muito como um dos médios mais promissores do futebol argentino. Com apenas 23 anos, já passou por experiências relevantes tanto na América do Sul como na Europa. A sua última temporada foi passada ao serviço do Lyon, por empréstimo do Botafogo, onde participou em 20 jogos oficiais – 16 na Ligue 1 e quatro na Liga Europa.
Apesar de não ter sido sempre titular absoluto, o médio criativo mostrou argumentos que justificaram o interesse de vários clubes de topo. Em 1.209 minutos disputados, marcou dois golos e fez quatro assistências, revelando uma capacidade notável de desequilibrar no último terço do terreno. A sua visão de jogo, qualidade técnica e mobilidade no meio-campo são atributos altamente valorizados num futebol cada vez mais exigente em termos táticos.
Avaliado em cerca de 25 milhões de euros, Almada acabou por ver o seu valor inflacionado numa disputa de mercado que envolveu o Benfica, o Atlético Madrid e outros emblemas europeus. A decisão de seguir para Madrid deve-se, ao que tudo indica, não só à proposta financeira, como também à perspetiva de evolução sob a orientação de Simeone, um técnico respeitado pelos jogadores argentinos.
O plano B do Benfica: reforços a caminho
Apesar da frustração com o desfecho do dossiê Almada, o Benfica não cruza os braços. A direção liderada por Rui Costa já tem outros nomes bem posicionados para reforçar o meio-campo, mantendo o foco na juventude e no potencial de valorização futura – uma política que tem vindo a ser seguida nos últimos anos, com relativo sucesso.
Um dos nomes mais próximos de ser oficializado é o de Enzo Barrenechea. Segundo o reputado jornalista Fabrizio Romano, o jovem médio argentino está praticamente garantido como reforço das águias. Proveniente da Juventus (mais concretamente da equipa B e de empréstimos dentro da Serie A), Barrenechea encaixa no perfil procurado pelo Benfica: jovem, com margem de progressão, e capaz de atuar tanto como médio defensivo como em funções de maior construção.
Paralelamente, o clube da Luz mantém negociações pelo colombiano Richard Ríos, atualmente ao serviço do Palmeiras, orientado pelo português Abel Ferreira. As negociações não têm sido fáceis, dada a valorização crescente do jogador, mas o Benfica estará disposto a ir até aos 25 milhões de euros para assegurar os serviços do internacional colombiano. Ríos destaca-se pela sua força física, capacidade de recuperação de bola e progressão com bola, sendo uma alternativa interessante para dar mais músculo ao meio-campo encarnado.
Outro nome em observação é o do grego Giannis Konstantelias, médio ofensivo que representa o PAOK. Com apenas 21 anos, tem sido uma das revelações do campeonato helénico, combinando visão de jogo com uma técnica refinada. Ainda que a sua contratação pareça, para já, mais distante, o interesse do Benfica reflete a estratégia de diversificação geográfica nas prospeções de talento.
A estratégia do Benfica no mercado de transferências
O desfecho da negociação por Thiago Almada revela mais do que um simples falhanço: ilustra os desafios crescentes que o Benfica enfrenta num mercado global altamente competitivo. Clubes com maior capacidade financeira, nomeadamente das principais ligas europeias, surgem frequentemente como obstáculos intransponíveis, mesmo quando há interesse mútuo entre jogador e clube português.
Neste contexto, Rui Costa tem optado por uma abordagem criteriosa e ambiciosa, apostando na deteção precoce de talento, com o objetivo de garantir jogadores que possam não só contribuir desportivamente, como também gerar mais-valias financeiras em futuras vendas. Casos como Enzo Fernández, Darwin Núñez ou António Silva (em valorização) são exemplo dessa política que procura equilibrar ambição e sustentabilidade.
A estrutura benfiquista sabe que, para ser competitiva tanto no plano interno como nas competições europeias, é fundamental ter um meio-campo robusto, versátil e com alternativas de qualidade. A aposta em jogadores sul-americanos jovens tem rendido frutos, e o clube não pretende abdicar dessa fórmula de sucesso.
E agora, o que esperar?
Com a pré-época já em andamento e o primeiro jogo oficial ao virar da esquina, o Benfica entra numa fase decisiva em termos de preparação do plantel. Roger Schmidt, treinador alemão à frente da equipa, aguarda por reforços que possam elevar o nível competitivo da equipa, sobretudo após uma temporada em que, apesar de conquistas internas, o desempenho europeu deixou a desejar.
A frustração em torno de Thiago Almada pode ser rapidamente esquecida caso o clube consiga fechar com sucesso os alvos alternativos. O mercado ainda vai a meio e, como se sabe, muita coisa pode mudar de um dia para o outro. Importante será manter uma estrutura coerente e preparar bem o plantel para os múltiplos desafios que se avizinham.
Enquanto isso, os adeptos encarnados mantêm-se atentos, com esperança renovada de que Rui Costa consiga, mais uma vez, surpreender positivamente.
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