A entrega dos cheques da Mangwana: apoio sustentável ao agro-negócio em Manica
1. Contexto geral
Na quarta-feira, 22 de janeiro de 2025, a organização não governamental de apoio ao setor agrícola Mangwana realizou uma entrega simbólica de cheques no valor total de 63 milhões de meticais (aproximadamente 1 milhão de dólares americanos) a produtores agrícolas comerciais, bem como a pequenas e médias empresas agrícolas na província de Manica, no centro de Moçambique. A iniciativa visa fortalecer a produção e impulsionar a renda das comunidades envolvidas nas cadeias de valor agrícolas da região.
O montante engloba 17 empresas beneficiadas e 207 pequenos produtores, dos quais 17 se encontram no distrito de Báruè. (ou conforme indicada para reforço factual).
2. Perfis dos beneficiários
Os beneficiários dessa intervenção são diversas categorias de produtores comerciais: desde pequenos produtores familiares que cultivam em escala modesta até agronegócios emergentes estruturados como pequenas e médias empresas (PMEs). A distribuição dos recursos segue critérios bem definidos, de forma a garantir um impacto equitativo e eficaz.
3. Programas e mecanismos de financiamento
A ação integra o Fundo de Subversão do programa Mangwana, cujos objetivos centrais incluem:
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Apoio direto aos pequenos produtores, com financiamento até 210 mil meticais por indivíduo, dependendo da necessidade específica;
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Promoção e fortalecimento do setor privado, beneficiando pequenas e médias empresas com subvenções que podem chegar a 2,1 milhões de meticais por beneficiário;
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Melhoria do ambiente de negócios e incremento da competitividade regional.
Nesse contexto, os cheques distribuídos variam entre 1,8 milhões até 10,2 milhões de meticais, conforme o porte e a capacidade produtiva da empresa ou do produtor.
4. Visão estratégica do programa Mangwana
Segundo Augusto Jaime, diretor do programa, os três pilares que estruturam a política da Mangwana são:
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Assistência técnica e material aos pequenos produtores: infraestrutura de irrigação, motobombas, tubagens, tanques de água, entre outros recursos.
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Promoção do desenvolvimento do setor privado agrícola e agroindustrial, com foco em negócios inclusivos.
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Melhoria do ambiente empresarial através do diálogo público‑privado, especialmente no Corredor da Beira, para enfrentar desafios logísticos, de acesso ao mercado e de mudança climática.
A abordagem adotada é integrada, envolvendo técnicos agrários, nutricionais e membros das comunidades locais, atuando de forma coordenada desde o planejamento até a implementação. A perspectiva é fomentar não apenas a produtividade, mas também a nutrição, resiliência climática e sustentabilidade socioeconómica.
5. Critérios de elegibilidade e seleção
No encerramento da primeira janela de candidaturas ao fundo Mangwana, foram recebidas 175 propostas:
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139 candidaturas para o fundo de crescimento;
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36 a 39 candidaturas voltadas para modelos de negócios inclusivos — pequenas empresas que promovem inclusividade e impacto social.
Um comité de investimento, composto por cinco membros (dois do setor público e três do setor privado), avaliou os projetos. Ao final, foram aprovadas 17 propostas de empresas e beneficiados 207 pequenos produtores individuais.
Essa etapa formal marca o término do ciclo da primeira fase, estando prevista a implementação dos projetos, que devem gerar impactos tangíveis no ambiente produtivo e na renda das famílias.
6. Expectativas e próximos passos: a segunda janela
Com base nos resultados da fase inicial, o programa anunciará em breve a abertura da segunda janela de candidaturas, cuja meta é ampliar o alcance:
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envolver mais produtores individuais e PMEs na província de Manica;
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oferecer apoio integral, incluindo tanto subsídio financeiro quanto assistência técnica contínua;
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gerar mais de mil novos postos de trabalho, contribuindo para a economia local e geração de renda rural.
7. Impacto territorial: os distritos alcançados
A governadora de Manica, Francisca Tomás, reforçou que os equipamentos agrícolas e cheques beneficiarão 207 produtores distribuídos pelos distritos de Chimoio, Manica, Vanduzi, Sussundenga, Gondola, Báruè e Macate, regiões com elevado potencial produtivo ao longo do Corredor da Beira.
No ato formal realizado na vila de Catandica, no distrito de Báruè, a governante agradeceu ao consórcio Mangwana, constituído por entidades como TechnoServe, Resilience, Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze e a Agência de Desenvolvimento de Manica (ADEM), por mobilizarem recursos em benefício da produção rural.
8. O discurso governamental e o papel do suporte institucional
Francisca Tomás destacou que estes apoios representam:
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a confiança do governo provincial nos beneficiários locais, reconhecendo suas práticas de negócios sustentáveis;
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a importância de valorizar esses recursos por meio de fortalecimento da produção, aumento da produtividade e consolidação da cadeia de valor agrícola;
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o compromisso governamental em continuar mobilizando apoio institucional e parcerias estratégicas para robustecer o setor agrícola, visando competitividade regional e internacional.
Ela ressaltou a necessidade de cooperar com demais intervenientes e evitar a duplicidade de intervenções sobre os mesmos beneficiários, para que o maior número possível de produtores tenha acesso aos fatores de produção disponíveis.
9. Componentes técnicos e de inovação
Os apoios contemplam:
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Infraestrutura de irrigação: motobombas, tubagens e tanques para enfrentar os desafios das estações secas e das mudanças climáticas;
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Assistência técnica integrada que abrange não apenas práticas agronómicas, mas também nutrição e saúde alimentar;
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Modelos de negócio inclusivos, que buscam unir pequenos produtores e PMEs em cadeias produtivas sustentáveis e geradoras de impacto social.
Essa visão contribui para o fortalecimento das capacidades locais, melhorando o desempenho produtivo e promovendo resiliência em face das mudanças climáticas.
10. Perspectivas de longo prazo
Com o encerramento da primeira janela e a antecipação da próxima fase de candidaturas, espera-se:
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maior cobertura geográfica e integração de novos beneficiários;
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incremento de empregos diretos e indiretos no setor agrícola, especialmente entre jovens e mulheres;
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intensificação do diálogo público‑privado no nível provincial e distrital, especialmente ao longo do Corredor da Beira, para enfrentar desafios estruturais como infraestrutura logística, acesso a mercados e eficiência institucional;
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reforço da sustentabilidade das cadeias de valor, com práticas mais resilientes e ambientalmente conscientes.
Reflexão final
O programa Mangwana, implementado desde 2024, mostra-se um instrumento robusto de apoio à agricultura comercial e inclusiva em Moçambique. A entrega deste montante financeiro representa não apenas um investimento direto na produção rural, mas também uma aposta na formação de cadeias produtivas mais eficientes, resilientes e com impacto social positivo.
A integração de infraestrutura, assistência técnica, diálogo institucional e mecanismos de financiamento bem estruturados reforça a sustentabilidade da intervenção. A expectativa é que a nova onda de candidaturas leve esse impacto adiante, incorporando mais beneficiários e fortalecendo o próprio setor agroalimentar regional.
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